Betaterapia: eficácia na remoção de queloides

19/03/2018

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Cicatrizes contam histórias de vida, mas nem sempre são vistas com naturalidade por quem as possui. Principalmente quando deixam de ser apenas uma leve marca no corpo e viram queloides, lesões salientes que podem ter cor rosada, avermelhada ou escura. “Queloide é a proliferação excessiva do tecido cicatricial. Ou seja, quando a cicatriz fica elevada e extrapola para além da área inicial do trauma”, explica o médico dermatologista Ivander Bastazini Junior. Nem todas as pessoas desenvolvem essa espécie de tumor benigno. A literatura médica diz que é mais comum em pessoas de pele negra ou asiática. Porém, com a miscigenação ao longo dos anos, as possibilidades se espalharam entre a população em geral. “Quem tem histórico pessoal ou familiar deve sempre procurar tratamento logo após o novo trauma”, avisa o médico. O queloide não traz qualquer risco à saúde, no entanto algumas pessoas sofrem com dor e coceira na cicatriz com intensidade variável. Mas geralmente as questões estéticas são as que mais se destacam. Bastazini Junior salienta que as pessoas devem sempre informar ao médico sobre seu histórico e se há casos na família, já que para o sucesso do tratamento, o mais indicado é iniciá-lo logo após o trauma. Raios beta Um dos métodos que tem garantido boa eficácia na prevenção e no tratamento do queloide é a betaterapia, uma modalidade que emprega radiação corpuscular (raios beta). Ela é normalmente complementar ao tratamento cirúrgico de algumas patologias benignas tais como os queloides, cicatrizes hipertróficas e pterígio. Reconhecido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, esse procedimento já existe há 40 anos. Ele costuma apresentar uma eficácia de até 75% em queloides formados após uma cesariana, uma lipoaspiração, uma queimadura ou qualquer outro procedimento que cause um trauma na pele. “Melhores resultados são obtidos com a primeira aplicação sendo iniciada entre 24 e 48 horas após a cirurgia, período no qual se dá a maior proliferação dos fibroblastos, células responsáveis pela formação do queloide. Não há contraindicação da realização da betaterapia mais tardiamente, porém este retardo compromete os resultados terapêuticos”, explica o médico radioterapeuta do Hospital Unimed Bauru, Matheus Bacci Martins. A betaterapia é indicada com a finalidade de se prevenir o aparecimento de queloides e cicatrizes hipertróficas, podendo ser aplicada logo após a primeira intervenção cirúrgica, nos casos de pacientes com propensão a estas patologias, ou necessariamente em seguida a cirurgias reparadoras em pacientes que já apresentavam essas condições. “O número de sessões depende da dose de radiação preconizada para o paciente, a qual varia em função da região anatômica, tipo de pele, características da lesão original e histórico de recidivas destas lesões”, explica o médico radioterapeuta. São necessárias de cinco a 10 aplicações, sendo que em casos especiais podem ser usadas até 13 sessões. Indolor, o procedimento pode ser feito em qualquer parte do corpo e é indicado, inclusive, para gestantes, idosos e crianças. “Especificamente em relação ao tratamento durante a gestação, cabe ao médico radioterapeuta individualizar cada caso, uma vez que possuir queloides ou cicatrizes hipertróficas não é uma condição maligna (ou oncológica). Na maioria das situações tanto se pode aguardar a resolução da gestação como recorrer a outros tipos de abordagens terapêuticas”, frisa dr. Martins. Betaterapia em Bauru Em Bauru, é possível fazer o procedimento de betaterapia no Hospital Unimed Bauru (HUB), que possui um setor especializado em radioterapia. Inaugurado em 2016, o espaço tem capacidade para atender até 60 pessoas por dia. A equipe de radioterapeutas é formada pelos médicos dr. Cazuo Arakawa, dr. Matheus Bacci Martins e dra. Tatiana Taba Fuzisaki.